terça-feira, 8 de março de 2016

Amor à distância - O casal que achou a fórmula certa para permanecer juntos

É preciso ser forte para manter um romance só com telefonemas, mensagens eróticas e transas virtuais. Também tem que ter muita paciência, praticar o exercício da lealdade e confiar no parceiro. Marie Claire quis saber se o amor verdadeiro resiste à falta de convivência (e de sexo) e descobriu três casais que acharam a fórmula certa para ter uma vida a dois, mesmo separados. Fazer amor por telepatia satisfaz só na música de Rita Lee. Mas, na prática, o cheiro, o toque e a convivência do dia a dia fazem a maior falta. Isso sem falar que casais distantes geograficamente são obrigados a praticar um outro tipo de sexo, aquele virtual, meio sem graça, ou ter paciência chinesa para manter o controle para transas eventuais ou, na pior das hipóteses, longos períodos de abstinência. E a lista de problemas vai além: a distância entre casais gera saudade e insegurança excessivas. É fato que a internet facilitou (e muito) a vida de casais fisicamente separados. Mas nenhum computador do mundo ainda é capaz de superar a convivência real. Prova de que as possíveis vantagens de relação à distância já não convencem tanto são os dados da agência de encontros A2. Enquanto em 2002 78% dos usuários cadastrados na empresa se diziam dispostos a encarar um romance de longa distância, hoje 72% deles exigem que o(a) pretendente more na mesma cidade. “Com a internet, muita gente descobriu que poderia entrar em contato com pessoas em qualquer lugar do mundo, encurtar distâncias. Mas, aos poucos, as pessoas foram se dando conta de que não é tão fácil assim, o romance virtual demanda muito mais empenho que o real”, diz Cláudya Toledo, terapeuta de casais e diretora da A2. Quem viveu junto por um tempo e precisa se separar fisicamente por algum motivo costuma sofrer menos. “Uma oportunidade de emprego irrecusável ou uma bolsa de estudos pode afastar temporiamente os pares. Mas eles sabem que a curto ou médio prazo estarão juntos novamente e isso ajuda. O duro é quando a perspectiva de encontro definitivo está longe demais ou não existe”, diz Cláudya. De um jeito ou de outro, webcams, torpedos eróticos e telefonemas com detalhes bobos do cotidiano ajudam a diminuir o abismo. Só que a “proximidade” virtual pode gerar cobranças e controle exagerado. Para entender como uma história de amor sobrevive só na palavra, Marie Claire conversou com um casal que passou um ano longe um do outro e agora está prestes a se casar. Falou ainda com duas mulheres que mantêm relações à distância em nome de um profundo amor. A seguir, eles contam como lidaram (e ainda lidam) com ciúme, saudade, solidão e falta de sexo.






Planejar o reencontro é a luz no fim do túnel 
Nem quando criança a hoteleira e relações públicas Juliana Braga, 25 anos, lembra de ter ficado tão ansiosa à espera do Natal como estava no fim do ano passado. Contava os minutos para a chegada do namorado, o alemão Norman Herrmann, 29 anos, ao Brasil. O casal passou seis meses namorando de perto, em Barcelona (Espanha), e mais seis de longe — ele em Berlim, ela em São Paulo. “Uma das maiores dificuldades, além da falta da presença física, claro, é o fuso horário, que nos obriga a marcar hora para conversar pelo computador”, diz Juliana. Ela conheceu Norman quando fez mestrado na Espanha. Ele estava lá por causa do MBA, pago pela empresa na qual trabalha na Alemanha. “Como ele tem uma carreira estável, fica mais fácil eu procurar algum trabalho e ir morar lá. E já estou buscando”, diz ela, que pretende se mudar o mais rápido possível.
Enquanto isso não acontece, o casal segue conectado de todas as maneiras. Só não costumam, diz Juliana, transar via webcam. “Nos últimos seis meses foi possível segurar a onda e não chegamos a pensar em sexo virtual.” Eles também não firmaram um pacto de fidelidade, mas, segundo ela, confiam muito um no outro — e evitam as brigas ao máximo. “Se eu telefono e ouço barulhos de festa, desligo e ligo depois. Ele faz o mesmo. Mas é claro que, do outro lado do mundo, ele pode ficar com quem quiser sem que eu necessariamente fique sabendo. Mas como arrumar briga à distância? É muito complicado, é melhor evitar. O segredo é controlar a paranoia e confiar. É um exercício de autocontrole”, diz ela. Alguns cuidados básicos são destaque no manual de sobrevivência do romance virtual. Juliana evita, por exemplo, fuçar no perfil do namorado em sites como Instagram e Facebook. Sabe que essas redes de relacionamento são fontes de insegurança, sobretudo para casais que vivem distantes fisicamente. Como ela ainda não conhece todos os amigos de Norman em Berlim, fica fácil cismar com uma foto de festa, com amigas de lá ou companheiras de trabalho mais próximas. Por essas e outras, ela ressalta que confiança irrestrita no outro — e no próprio taco — é imprescindível para quem vive um namoro virtual.





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